Paulo Simões
Biografia
Paulo Simões é um dos artistas sul-mato-grossenses que realmente fazem história pelos caminhos pantaneiros. Sua aventura musical iniciou em 1967 com o grupo “Os Bizarros”, numa parceria irreverente de Paulo com os músicos Geraldo Espíndola e Maurício Barros Almeida. Tem participado de todos os movimentos musicais do Estado, desde os festivais que aconteceram nos fins dos anos sessenta e início da década de setenta, onde foram revelados os grandes nomes da música de Mato Grosso do Sul. E, ao contrário do que muitos pensam, quando fez a música “Trem do Pantanal”, ainda não conhecia de perto a vida pantaneira. Isso só veio a acontecer com o projeto “Comitiva Esperança”, idealizado junto com Almir Sater na década de oitenta.
Nascido em 12 de fevereiro de 1953, Paulo Simões é um artista in-quieto sempre em busca de novas emoções que acabam por serem traduzidas em suas belíssimas letras musicais. Letras que correm o mundo muitas vezes divulgando os “Sonhos Guaranis” da alma sul-mato-grossense.
Paulo Simões nasceu no Rio de Janeiro-RJ, no dia 12 de fevereiro de 1953, onde foi criado até os dezenove anos. Sua veia literária, que deu origem a sua vida de letrista musical, vem um pouco da mãe, Maria Gilka Rocha Simões Correa, que escrevia nos jornais da região de Parintins, onde nasceu, e do avô paterno, Adelmar Rocha, que foi membro da “Academia Piauiense de Letras”.
Foi criado em Campo Grande, que na sua infância era uma típica cidade do interior brasileiro com menos de cem mil habitantes. Sua primeira experiência musical aconteceu por volta dos seis anos de idade, no colégio. Quebrando o protocolo, apossou-se de um microfone, interpretando “Risque” e “Índia”. Mas seu convívio com a música aconteceu observando as aulas de violão de suas irmãs. Seu acesso à musica foi através do rádio e do toca-discos. Aos treze “descobriu” os Beatles e Roberto Carlos. A partir daí, foram muitas e variadas as informações musicais recebidas.
Em 1967, formou um grupo com o Geraldo Espíndola e o Maurício Barros Almeida (que mais tarde foi parceiro de Almir Sater na dupla “Lupe e Lampião”), “Os Bizarros”, que funcionava mais como um laboratório de idéias. Reunia gente preocupada em discutir música e buscar uma linguagem própria.
Com apenas dezesseis anos, viajou para os Estados Unidos, onde ficou por dois anos.
Paulo passou seus anos de formação universitária sob o domínio da ditadura. Naquele momento, ele não sabia o que fazer, e é isso que sua música “Trem do Pantanal” expressa bem. A perplexidade de uma geração diante de tantos e de nenhum caminho, está refletida em seus versos. A música foi feita em 1975, em parceria com o Geraldo Roca.
Paulo passou seus anos de formação universitária sob o domínio da ditadura. Naquele momento, ele não sabia o que fazer, e é isso que sua música “Trem do Pantanal” expressa bem. A perplexidade de uma geração diante de tantos e de nenhum caminho, está refletida em seus versos. A música foi feita em 1975, em parceria com o Geraldo Roca.
A música de Mato Grosso do Sul começou a brotar na sua vida desde garoto, ouvindo a música paraguaia, a música fronteiriça, que fazia parte do cotidiano de Campo Grande e também a música popular brasileira, urbana, tradicional, folclórica, transmitida pelo rádio e pelos discos de seus pais. Costumava ouvir Noel Rosa, Pixinguinha, Emilinha e Marlene nos discos de 78 rpm.
Em 1980, de volta do Rio de Janeiro, disposto a realizar um trabalho coerente e conseqüente de exploração do mercado regional, reencontrou Guilherme Rondon, pantaneiro de formação, que o convidou a ir ao Pantanal. Lá nasceram duas músicas: “Estranhas Coincidências” e “Paiaguás”. Mais tarde, nos idos de 82, começou a ver o Pantanal de verdade, mas superficialmente. Numa das vezes em que lá esteve, em companhia do Almir Sater, esse disse ao “Bandeirão”, que era o dono da fazenda onde nos encontrávamos: “- O Pantanal é demais!!!” No que o velho retrucou: - “Cê sabe o que é o Pantanal? Pra vocês saberem, deviam sair por aí numa comitiva, levando boiada. Vocês não sabem de nada. Vocês têm que pegar uma mula e sair por aí.”
Foi esse velho que deu a deixa de conhecer o Pantanal, através do olho pantaneiro e não do civilizado. E a partir daí, Paulo Simões e Almir Sater passaram a encarar a idéia de conhecer de fato o Pantanal, saber o que realmente ele era, gerando um projeto que envolveu o Governo do Estado, a FUNARTE e a Embrafilme, denominado ”Comitiva Esperança". Assumiram os riscos de organizar uma comitiva que, em vez de boiada, levava o violeiro Almir Sater, o violinista José Gomes, que é um artista de primeira categoria, e o compositor e letrista Paulo Simões. A partir de certo momento, uma equipe de filmagem da Tatu Filmes passou a gravar essa aventura e passaram três meses rodando o Pantanal. A princípio houve uma overdose de expectativas musicais nessa viagem, pois esperavam encontrar artistas pululando pelo Pantanal, o que foi um engano. Descobriram a realidade pantaneira em oposição ao pantanal sonho.
“Saímos em busca de festas de fazenda, onde houvesse gente, que nos falasse, por exemplo, do Pantanal, paraíso zen, e nos decepcionamos. O céu é só para um e está do lado de fora. Para quem vive lá dentro, pode parecer um inferno. Foi uma dialética que procuramos destrinchar. Só que com recursos insuficientes, com prazos reduzidos e até com resultados insatisfatórios. Na época ninguém se interessou pelo projeto. Descobri que o tesouro pantaneiro não está em festas de peões, mas guardado na memória do pantaneiro. O cérebro do pantaneiro é diferente do nosso. Ele não é afeito à precisão, é meio índio, meio zen em sua relação com a natureza. E eu, o Almir, o Zê Gomes e o pessoal da ‘Comitiva Esperança’ não éramos exploradores ansiosos, caçadores da arca perdida, loucos para abrí-la e exclamar: - Olhem só o que achamos, vejam o que descobrimos! Nossa recompensa foi nosso aprendizado”.
O registro dessa aventura pantaneira foi oferecido ao Governo do Estado na forma de um filme, e é um material até hoje desperdiçado. Ele é mostrado aleatoriamente aqui e ali, e é pouco discutido.
Hoje a música de Paulo Simões percorre "todos os trilhos da terra", como no verso final da sua música “Trem do Pantanal”. Regionalmente, continua percorrendo todos os caminhos que se oferecem.
“Citando um autor estranho, Carlos Castañeda, direi "que só se devem percorrer os caminhos que têm coração" e aqui em Mato Grosso do Sul vejo mil caminhos desse tipo, que eu gosto de percorrer e que até hoje não foram trilhados por ninguém. Apesar de achar que a mídia mundial já tomou conta de tudo neste planeta, descubro que ainda sobra espaço em nossa área.
Me sinto bem, inaugurando trilhos aqui e ali, que me podem permitir a esperança numa esquina, encontrar uma visão diferente da que já foi contemplada em outros centros urbanos. No momento, julgo que Mato Grosso do Sul está quase quebrando a casca do ovo. Se eu for um dos bicos que irão ajudar a quebrar essa casca, me sentirei feliz. Não é preciso que eu seja o primeiro.”
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